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terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

O Choro de África


O choro durante séculos nos seus olhos traidores pela servidão dos homens no desejo alimentado entre ambições de lufadas românticas nos batuques choro de África nos sorrisos choro de África nos sarcasmos no trabalho choro de África. Sempre o choro mesmo na vossa alegria imortal meu irmão Nguxi e amigo Mussunda no circulo das violências mesmo na magia poderosa da terra e da vida jorrante das fontes e de toda a parte e de todas as almas e das hemorragias dos ritmos das feridas de África e mesmo na morte do sangue ao contacto com o chão mesmo no florir aromatizado da floresta mesmo na folha no fruto na agilidade da zebra na secura do deserto na harmonia das correntes ou no sossego dos lagos mesmo na beleza do trabalho construtivo dos homens o choro de séculos inventado na servidão em histórias de dramas negros almas brancas preguiças e espíritos infantis de África as mentiras choros verdadeiros nas suas bocas o choro de séculos onde a verdade violentada se estiola no circulo de ferro da desonesta força sacrificadora dos corpos cadaverizados inimiga da vida fechada em estreitos cérebros de máquinas de contar na violência na violência na violência O choro de África é um sintoma Nós temos em nossas mãos outras vidas e alegrias desmentidas nos lamentos falsos de suas bocas - por nós! E amor e os olhos secos. por Agostinho Neto

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